"Tu só, tu, puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano."

Os Lusíadas, Luís de Camões
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sábado, 11 de abril de 2009

Outras histórias de Amores Infelizes

Amor de Perdição é uma das obras mais conhecidas de Camilo Castelo Branco, escritor do romantismo português do século XIX, que a escreveu quando estava preso na Cadeia da Relação doPorto, sob a acusação de adultério (da qual foi posteriormente absolvido).
Este livro, escrito em 1861 e publicado em 1863, apresenta 20 capítulos numerados, acrescidos de mais um que o autor intitulou de "Conclusão". A obra possui um ritmo vertiginoso, a acção é contada em sequências de tal forma estruturadas e encaixadas que, quase nos apercebermos, chegamos ao final da história.
Amor de Perdição relata a história do amor entre dois jovens, filhos de famílias inimigas, fazendo lembrar Romeu e Julieta, sendo que ambas as obras apresentam um final trágico para
os amantes: Teresa morre quando sabe que Simão é condenado ao exílio e este, sabendo da morte da sua amada, suicida-se.
Nas palavras do autor, Amor de Perdição é um relato da vida curta e desafortunada de um tio paterno: "Desde menino, ouvia eu contar a triste história de meu tio paterno Simão António
Botelho. Minha tia, irmã dele, solicitada por minha curiosidade, estava sempre pronta a repetir o fato ligado à sua mocidade. Lembrou-me naturalmente, na Cadeia, muitas vezes, meu tio, que ali deveria estar inscrito no livro das entradas no cárcere e no das saídas para o degredo. Folheei os livros desde os de 1800, e achei a noticia com pouca fadiga, e alvoroços de contentamento, como se em minha alçada estivesse adornarlhe a memória como recompensa das suas trágicas e afrontosas dores em vida tão breve, Sabia eu que em casa de minha irmã estavam acantoados uns maços de papéis antigos, tendentes a esclarecer a nebulosa história de meu tio. Pedi aos contemporâneos que o conheceram notícias e miudezas a fim de entrar de consciência naquele trabalho. Escrevi o romance em 15 dias, os mais atormentados de minha vida.

FONTES: 
Prólogo. In BRANCO. Camilo Castelo. Amor de Perdição. São Paulo, Modera, 1994

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