"Tu só, tu, puro Amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano."

Os Lusíadas, Luís de Camões
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

“Inês” de Nuno Dempster

Nós gostamos muito da Ana Salomé (www.cicio.blogspot.com) – como poetisa e como ser humano – e, por isso, convidámo-la a escrever um poema sobre os amores de Pedro e Inês para publicarmos no nosso blogue. Ela, como seria de esperar, acolheu-nos gentilmente. Entrementes, deu-nos informações preciosas sobre outros escritores. Assim, deixamos aqui um poema inédito que, nas palavras de Ana Salomé, "é perturbante e que implica o plano histórico com um plano pessoal", poema de um poeta açoriano, que lançou agora o livro Dispersão – Poesia Reunida, chamado Nuno Dempster. http://esquerda-da-virgula.blogspot.com

Inês,
finjo-te devorada pela sombra
de Pedro a que, por quanto em vida,
foste fiel, Inês atormentada
de nunca ter morrido.
Se te fingisse em outro nome,
tudo teria sido fácil,
não haveria assaltos em que eu era
violador de túmulos
na Igreja de Alcobaça,
provavelmente havia na varanda
sardinheiras vermelhas,
eu não imaginava o teu destino
e os carros passariam tranquilos.

Nuno Dempster
«Obituário 6»

In A esquerda da vírgula : http://esquerda-da-virgula.blogspot.com/2009/01/obiturio-6.html

1 comentários:

ana salomé disse...

Fico muito contente por gostarem do poema e das sugestões que tão gentilmente o Nuno Dempster nos deu. E fico muito comovida com as vossas palavras. Vocês são uns doces.

Beijinhos*